Site atualizado em agosto de 2020
Site atualizado em abril de 2023
Alexandre Miranda
Disposição da equipe e dos equipamentos dentro da sala de cirurgia
A duração de uma neurocirurgia é bastante variável. Certos procedimentos podem ser realizados em apenas alguns minutos mas, na maioria das vezes, as cirurgias duram horas. Existem operações muito complexas e o cirurgião deve prestar bastante atenção nos detalhes. Para chegar ao resultado desejado, nenhum passo deve ser negligenciado. O neurocirurgião deve sempre estar em busca da perfeição, pois nessa especialidade as complicações podem significar riscos de sequelas importantes. O tecido nervoso não tolera traumatismos e nem tem a mesma capacidade de regeneração que outros tecidos do nosso organismo possuem.
O conforto do médico é um ingrediente fundamental no resultado do procedimento. O cirurgião deve saber economizar sua energia para os tempos principais e cruciais da operação. A disposição dos equipamentos e dos membros da equipe cirúrgica deve ser planejada antecipadamente.
Disposição básica dos membros da equipe para a realização de uma cirurgia no crânio
Nas cirurgias da coluna vertebral o cirurgião e o auxiliar ficam em lados opostos
Procedimentos prolongados
A microcirurgia exige que o cirurgião desenvolva uma técnica apurada e refinada. Ao mesmo tempo, ele também deve ser ousado e estar sempre preparado para improvisações. Para obter os melhores resultados o cirurgião tem que estar confiante, tem que ser prudente e manter uma boa postura corporal para se sentir confortável durante a cirurgia, controlar o seu cansaço e prevenir a exaustão. Geralmente as partes mais cruciais de uma cirurgia acontecem depois de horas do início do procedimento, quando o cansaço já pode ter acabado com a paciência e o auto-controle do cirurgião (qualidades necessárias para a execução de movimentos microcirúrgicos calculados e conscientes.)
Depois de horas, muitas variáveis podem contribuir para dificultar o trabalho do cirurgião e interferir no resultado do procedimento. A paixão pelo trabalho e os anos de prática fazem com que os neurocirurgiões aprimorem sua tolerância e sua auto-disciplina para manter a saúde do paciente à frente de suas necessidades e instintos pessoais, a despeito de longas horas de cirurgia. Muitos conseguem ficar horas e horas sem se alimentar ou beber água mantendo a mesma qualidade de trabalho. E raramente se sentem cansados durante as cirurgias. Geralmente o cansaço só aparece após o dever cumprido. Entretanto, negligenciar o cansaço pode comprometer o raciocínio e a capacidade de tomar decisões do cirurgião.
Postura do cirurgião
A parte microcirúrgica do procedimento pode ser realizada com o cirurgião assentado e com os braços apoiados para evitar fadiga e tremor nas mãos. O pescoço, os ombros e os braços precisam ficar relaxados pois, se ficarem tensionados ou em posições desconfortáveis, o médico pode sentir dores e se cansar mais rápido.
Durante o uso do microscópio, o cirurgião deve procurar uma posição confortável, de preferência assentado e com os braços apoiados, para facilitar a precisão dos movimentos das mãos
Um erro técnico que o cirurgião deve evitar (e que é muito frequente entre os residentes) é de se debruçar sobre o paciente. Além de não ser elegante, essa postura rapidamente causa dor no pescoço e nos ombros.
Manter uma boa postura durante o uso do microscópio é essencial
Organização dos membros da equipe
A disposição dos membros da equipe cirúrgica e dos equipamentos dentro da sala de cirurgia podem facilitar a troca de instrumentos entre o cirurgião e seu assistente contribuindo para diminuição da duração da cirurgia e, consequentemente, do desgaste da equipe.
Disposição da equipe para dois tipos de cirurgias no crânio
Temperatura ambiente
Geralmente as salas de cirurgia são bastante frias e a maioria das pessoas não sabe o motivo. Segundo a "Sociedade Americana dos Engenheiros de Calor, Refrigeração e Ar Condicionado" a temperatura de uma sala de cirurgia deve variar entre 18 a 20° C com uma umidade de 70%. Isso pode influenciar na saúde do paciente.
O sucesso da cirurgia depende da otimização das condições de trabalho para os membros da equipe (cirurgiões, anestesiologistas e enfermeiros), mas, ocasionalmente, o conforto do cirurgião é negligenciado. A temperatura da sala é um fator muito importante nesse aspecto. O capote cirúrgico que o médico usa e as luzes que iluminam o campo cirúrgico podem fazer o cirurgião sentir bastante calor. Isso causa desgaste e cansaço prematuro. O calor também atrapalha o uso do microscópio pois embaça as lentes das oculares interferindo na visão do médico. Da mesma forma, uma temperatura muito baixa também é prejudicial. O sistema de ar condicionado deve estar sempre bem calibrado.
O objetivo principal de manter essa baixa temperatura é prevenir o excesso de umidade dentro da sala de cirurgia. Quando esse espaço é mantido quente, pode ocorrer condensação da água nas superfícies, incluindo o teto e os equipamentos, o que torna o ambiente desconfortável e coloca em risco a saúde do paciente.
A condensação pode fazer cair gotículas de água das superfícies da sala em cima de materiais esterilizados, instrumentos cirúrgicos e até na ferida cirúrgica. Essa umidade pode conter bactérias e causar sérias infecções. A temperatura baixa na sala de cirurgia diminui a umidade e também inibe o crescimento das bactérias.
O ar condicionado deve ser regulado para manter a temperatura da sala de cirurgia entre 18 e 20° C.